sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sonho Recorrente

Há dois meses do seu aniversário de 21 anos ele já se sentia a pessoa mais lúcida, menos favorecida e mais 
inteligente do mundo. Mesmo tendo ciência de que não era. Fazia planos para o futuro mas eles se perdiam no 
ar, pareciam tão incoerentes como qualquer outro sonho que tivera na infância; sabia que todos os dons estavam dentro dele e duvidava de todos.
Qualquer noite teve um sonho. Sonho recorrente. Caía num precipício e, para não estatelar-se no chão, 
agarrava-se a cipós, o lugar era cheio deles, mas eles não eram firmes, se soltavam no momento em que se 
agarrava fazendo com que ele tivesse de se agarrar a outro. Deste modo ele não caía, mas também não subia.
O sonho parecia ser sua condição de existência no mundo -ele pisicologisava- quando um dia resolveu contar 
esse sonho para uma amiga de sua mãe, que olhou para ele com um sorriso vivido e tranquilo e disse: "O 
sonho é somente um sonho, nada mais, a vida é que é real. Divirta-se." 
Por um breve momento o guri pensou que aquela mulher fosse o grande amor da sua vida.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dá?

Acho que não tem uma fila esperando na minha porta.
Acho que não tem ninguém esperando.
Se espera, não espera por mim.


Porque eu não sou assim como quem espera pensa que sou.
Porque quem espera, espera muito ou muito pouco.
E eu gosto mesmo é de ir sendo e não ser pronta.

Como água despejada se molda à superfície.
Se espalha molhando, limpando, se misturando, se poluindo.

Não adianta procurar na biblioteca, porque não é texto.
É ação.
Acontece e passa.
Para todo o sempre.

E se não for assim, do jeito que deveria ser.
Do jeito que qualquer um queria que fosse.
Se a ação nunca acontecer.
Não tem problema.

Dá pra trocar amor por arte, Moço!?