quarta-feira, 12 de junho de 2013

Catete monocor

Catete monocor
enfeitando minha manhã de quarta
dias dos namorados e dos recém chegados
falso frio falsa ilusão,
mas doce.
O professor falou que o sapato no quadro é mais importante
que o sapato usado.
O dia dos namorados não é mais importante
que o monocromático Catete esta manhã.

domingo, 9 de junho de 2013

Martelo do céu.


Martelo do céu.

I prayed heaven today
Bring its hammer down on me
And pound you out of my head
I can't think with you in it.
 
Eu rezei ao céu hoje
Traga esse martelo.
Martelo.
E tire você da minha mente.
Não posso pensar com você dentro.
Martelo.

Não posso pensar com você dentro.
Não posso pensar.
Não penso.
Não pensei.

Algo sempre toma o lugar das partes que faltam.
Quem vai tomar o seu lugar agora.
Quem vai preencher esse espaço.
Quem me fará parar de pensar.
Algo sempre estará faltando.

Eu te renego, eu te nego, eu te ignoro.
Eu te uso, eu posso usar. Não me usa mais.
Eu não rezei aos céus, eu não segui sua estrela.
Eu fiz o que deu vontade, eu quase me perco.

Quem vai tomar o seu lugar?
Quem vai me fazer parar de pensar?
Onde os meus sapatos me levarão agora?

In the smoke of a desert
A beach with no treasure. 

Eu não posso ir mais longe para encontrá-lo.

Eu desisto.
Algo sempre estará faltando.

You can take and put together even though
You know there's something missing.

Livre apropriação da música Heaven Hammer - Missing, do Beck




Assalto.



Passa o celular, isso é um assalto! Tudo bem pode levar, mas só me deixa anotar o telefone daquele garoto moço, por favor! Que ele é belo, simples e me enche de verdades. Pode levar tudo cara, que não preciso de mais nada, só preciso das verdades. Por favor, deixe-me levá-lo comigo que há muito vivo das insinceridades felizes dos outros. Essas insinceridades me matam. Só quero que ele continue vindo quando quer e se afastando quando achar que couber, mas sendo fiel ao propósito de conhecer. Por favor, só vai levar um segundo, e aquele dia, ele me disse, também havia me notado ali. Ele quer me ver de novo, mas dessa vez eu devo chamar. Por favor, me deixe sem nada, só não me deixe ficar sem a verdade daquele estranho.



sábado, 16 de março de 2013

uma noite

Ah! A noite que meu desejo realiza
nada parece mais um pedido atendido
e eu tinha a certeza duvidosa
desejei muito que assim sucedesse.

E o universo atendeu sorrindo
só não sei se foi uma mostra ou se foi
um consolo, uma valsa até a meia-noite.
A despedida que faltou que acontecesse.

Ah! Noite linda em que se transformou
o dia que tirou minhas forças
e que me deu de bandeja um amanhecer ao seu lado.

E meu receio agora é de não ser contente
de achar que a noite sempre me trará
a recompensa de um ser bem comportado.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Esportiva

Eu definitivamente não nasci pra atleta, cansa levar tudo na esportiva.
Se em tão pouco tempo de vida já deu pra perceber que tudo é tão efêmero e incerto.
Instável, indefinido, indefinitivo. Essa sensação de estar pisando numa camada de gelo fino em cima de um grande lago gélido.
É a vida, uma camada de gelo fino em cima de um grande lago gélido.
Frio, escuro, assustador. Mas você pode bem ter nascido pinguim.
Então quando essa fina camada rompe, você mergulha de cabeça à procura de novas aventuras.
E se eu não nasci pra pinguim?
Que angústia!
Eu tento me analisar e descobrir em mim dicas da minha personalidade de pinguim.
E descubro que coisas muito definitivas não combinam muito com minha personalidade, por exemplo, tatuagens ou filhos.
Mas então, o que quer dizer esta angústia?
Lentamente me levanto, com minhas patinhas de pinguim no gelo gelado, faço pequenos movimentos, escorrego, quase caio, me arrisco um pouco mais e me deleito no deslize frio e arrepiante.
Pura adrenalina!
É a vida, um deslize arrepiante e frio sobre a fina camada de gelo em cima do lago gélido.
O problema mesmo é quando você encontra outros pinguins, e esses dão trabalho.
Por que pinguim que é pinguim tá sempre pronto pra sumir no buraco.
E se eu não nasci pra pinguim?
E se eu nasci para as coisas definitivas, e se eu nasci pra pomba, canário? pavão? sabiá? leão?
Quando é que se descobre que está em terra firme.
Se em tão pouco tempo de vida já dá pra cansar da brincadeira de nadar e nadar pra morrer na praia.
E olha que tem gente que passa dos 80!
Só de pensar já da preguiça.
Se tem que levar tudo na esportiva, o que que eu não vou levar na esportiva?
O que é meu? O que pretende ser meu, ou eu?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

sem barreiras

Tranquilamente no seu tempo
o que tivesse com vontade
sem que eu percebesse
entendeu?
Não por quê eu estava incomodada de você
querer alguma coisa comigo

que risco escalafobético!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

memória de final de ano zero um

quase agosto.
quase não gosto. quase não quero.
abraço terno. abraço eterno.
ela diz rolou um abraço quente.
eu digo que isso imagina abraço de amigo.
e era mesmo.
noite fria corpo quente
peripécias
beijo de amigo.
testa na testa riso no riso
música velha embala sentidos novos
pessoas entorpecidas.
frio madrugada árvore vizinhos sonolentos
gente nova estranha entorpecida.
tudo era um riso.
tudo vaza quando a madrugada torna-se dia
vontade de estender mais um pouquinho
talvez até o final do ano. 
e a gente estende.
eu estendo até o final da memória.