segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

memória de final de ano zero um

quase agosto.
quase não gosto. quase não quero.
abraço terno. abraço eterno.
ela diz rolou um abraço quente.
eu digo que isso imagina abraço de amigo.
e era mesmo.
noite fria corpo quente
peripécias
beijo de amigo.
testa na testa riso no riso
música velha embala sentidos novos
pessoas entorpecidas.
frio madrugada árvore vizinhos sonolentos
gente nova estranha entorpecida.
tudo era um riso.
tudo vaza quando a madrugada torna-se dia
vontade de estender mais um pouquinho
talvez até o final do ano. 
e a gente estende.
eu estendo até o final da memória.

domingo, 9 de dezembro de 2012

(n)ele


Ele é tímido e anda
como se não precisasse de ninguém
talvez não precise mesmo.
Mas eu queria que precisasse de mim.
No fundo, no fundo, ninguém precisa.
Mas não é preciso precisar, é preciso querer. Basta querer.
Talvez o que ele faz é esconder sua vontade, mas algo me diz que sim!
Talvez seja o tom da sua voz tímida e quase sem volume me
dizendo claro.
Não posso julgar seu jeito horrível de ser.
Só posso lamentar que como alguns outros ele me pegou pela imagem.
Eu gosto da sua imagem.
E eu crio histórias à partir desta imagem, sem que elas sejam possíveis de acontecer.
O que me incomoda é o que mais me prende
(n)ele.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A cidade grande.


*Lê-se com leve sotaque nordestino.  

Eu me lembro muito bem daquela sensação.
Colorir a serragem, pensar nos desenhos.
Ver o trabalho pronto, terminado, voltar pra casa tomar banho.
Depois voltar pra missa de Corpus Christi.
Eu via aqueles jovens, e os achava tão decididos, tão legais, eu queria ser como eles, e fui durante um ano. O ano em que eu ainda acreditava.
 Me lembro como se fosse ontem a sensação horrível que tive quando vi a rodoviária dessa cidade. Uma mistura de arrependimento, de desespero, queria voltar, mas sentia que não tinha volta. Eu estava tão preocupada com o que ia me acontecer, que aquele entusiasmo do momento da decisão foi por água abaixo, não existia mais.
Mas ao mesmo tempo eu tava curiosa, eu queria pagar pra ver o que ia me acontecer. Eu sabia que o que me esperava não era muito bom, e que eu ia sofrer. Mas eu me dizia, me fazia recordar: menina você já passou por mudanças antes, no começo o desconforto é terrível, mas depois você se acostuma.
O bicho humano se acostuma com tudo, com qualquer lugar.
A feiúra passa a não incomodar mais tanto, e a beleza fica tediosa, menos importante do que quando você tá só de passagem.
 Eu tinha meus doze anos quando li um livro que ganhei na escola, ele contava a história de uma cidade onde as árvores começaram a dar fruto dinheiro vivo, mas logo as pessoas descobriram que ao cruzar a fronteira da cidade o dinheiro virava pó. E era assim que eu me sentia quando cheguei na cidade, um saco de poeira.
Que logo se misturaria com a poeira suja da cidade.
Quando deixei minha cidadezinha lá em cima eu não tinha conhecimento nenhum do que ia encontrar, eu fui movida não por uma convicção, mas por um sentimento de que a vida podia ser maior, de que existia mais coisas além do que eu conhecia, e eu estava certa. Não de achar que eu seria mais feliz em outro lugar, mas certa de que existia muita vida além daquela. E eu queria contar pra todo mundo, pra minha família, pros meus amigos que a cidade grande não é como na televisão, vai muito além dessa beleza.
Cidade enganosa, tem um encanto que às vezes se diz benigno e outras vezes maligno. Se você trabalha oito horas por dia num sub- emprego qualquer, a fadiga que dá forma aos seus desejos toma dos desejos sua forma. E você pensa que está se divertindo na cidade, quando não passa de seu escravo.
Há muitos anos eu sou escrava da cidade grande, e eu não posso mais voltar atrás, por que agora eu sou poeira, e de onde eu venho poeira não tem valor não, porque lá poeira já tem é demais.
E essa poeira poluída que agora sou, nunca mais vai se misturar com o pó da estrada de terra batida sertão. 

*Este texto contem livre adaptação de trecho do livro As cidades invisíveis de Ítalo Calvino.
(...)"Anastácia, cidade enganosa, tem um poder, que às vezes se diz maligno e outras vezes benigno: se você trabalha oito horas por dia como minerador de ágatas ônix crisóprasos, a fadiga que dá forma aos seus desejos toma dos desejos a sua forma, e você acha que está se divertindo em Anastácia quando não passa de seu escravo."

*O livro mencionado pela personagem é A árvore que dava dinheiro de Domingos Pellegrine.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

sobre amor e liberdade 01.

Meu bem não se importe
tanto com uma pessoa como eu 
é tanto que eu nem sei se mereço 
O amor que é seu

guarde pra você
Que este amor é sofrido
Que este amor é de merecer
Que este amor eu não quero

Este amor que me quer prender
Por favor me deixe solta no mundo 
me deixe morrer
Por que para uma alma como eu.

Uma alma como eu que
atravessa corpo a corpo
roubando-lhes a vida
e lhe deixando a ferida que.

Meu bem não me catives
Que cativa já estou
cativa do amor e dos limites
e do mundo e da gravidade e da paixão.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

La nuit, je rêve beaucoup et le matin, je suis très fatiguée!

Eu me impressiono
e sempre quando desperto do sono
quem colocou dentro de mim
essa maquininha de maluquice?
Que quando nas noites fresquinhas
liga e não para até que a noite vire
dia. E eu tô cansada!

E de dia eu ainda tô vestindo sonho
sentindo o cheiro do sonho
da noite inteira na labuta.
Alguém desliga essa maquininha?
que tá me deixando biruta
me despertando esperança
ah que coisa, a maquininha não se repete.

E você nunca mais visita a Lagoa Azul
ou dá pulos de Free Willy duas vezes.
não é como na vida real
maquininha descontrolada.
é uma vez fatal
e a sensação que dura meses. 

sábado, 29 de setembro de 2012

Tanta coisa / O gênio de seu tempo


Tem tanta coisa no mundo
Que eu fico com preguiça de ver
Por que é que eu sou uma só
e, no entanto me vêem como um milhão?

Eu estou perdida, mas quem não está

                                         Um monte de perdidos que fingem saber o caminho

Somos tão cruéis, enganando uns aos outros.
Seria melhor que vivêssemos isolados
Deixar de causa mal a quem fingimos gostar

                                                                                 Quem gosta de si mesmo
Tenho raiva das pessoas que se dizem poetas
E nojo de seus poemas
Pra mim só o que vale é o que se move

E o que pode crescer por contra própria.

Poemas são lastimas, excrementos
não são como as unhas, ou como os fungos
Que cresceram na panela suja
Estes tem vida e são mais dignos do que palavras.
___________________________________________________

O gênio de seu tempo
olhava para o lado e atravessava a rua
muito inteligente
entrava na padaria e... pedia um pão!
Maravilhoso!

Não tinha vida social
mas é lógico
estava a fazer suas importantes tarefas
mas ele sonhava em uma noite
ele e os amigos

concentrava seus desejos nas linhas de papel
não se importava com baratas
experimentava-as

Mariana odiava se pensar em sua companhia

Tão interessante foi sua vida
declínio social, lutou na grande guerra
o gênio de seu tempo, não era gênio, era um babaca.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Chá para dor de começo.

Tem gente que, simplesmente, ...
pra brilhar.
Encanta os olhos com sua farta
furta beleza.
É pra acabar.
Destrua meu caminho com seu
poderoso talento de ferro.
Eu sei.
Sou aquela do drama dramático.
Que esquece de decorar suas falas.

Merda! Clap clap clap
Mas que imposição de merda.
Não esquece de verificar se no potinho
de plástico tem doce bom
e verifica também se tem
passado bom.
Parente bom.
É importante identificar, senhor.

no divã do analista ela
decora sua lista.
De problema.

Que problema que?
Essa menina tem dor de começo!
Tá precisando de um chá de auto-conhecimento.
Anda na rua igual cão sarnento.
E tem a ousadia de querer rimar.

É pra acabar.

Passado, presente, futuro e o pior!
passado dos parente!
É pra acabar.

e a lista aumenta...
Mas espera aí, não era pra ser uma aula de canto?
Não, professor, quebrei minha perna na aula de capoeira
depois de vender alguns óculos superfaturados.

Isso tá começando a perder o rumo de novo.
Talvez você deva se mudar.
Só pra saber o gosto que tem... brilhar?
Não. Fazer algo de útil.
É o encanto do fútil.
Que a impede de cantarolar.

Bem que se quis
aprender algo neste tempo todo.
Mas até pra aprender tem que aprender primeiro.
Vê se pode.
Vê lá se eu tenho tempo!

Tem.

Mas o que eu faço com ele
quanto tempo eu vou perder, nessa de fazer?
e depois? O que tinha de bom atrás do muro
que eu nunca vi?

Essa menina tá mesmo é com dor de meio e fim.






















terça-feira, 28 de agosto de 2012

Dia frio no Rio

Que charme tem o Rio frio
barulho de carro, cinza chique
As duas meninas do monumento, nem estão aí pro vento
querem só perder tempo e compor a paisagem
Mais roupa e desço a escada rolante parada
não uso óculos
E a gorda de vestido longo assovia sem pressa
como quem diz curta o frio que nos resta.
Graça Aranha cheia de graça
business men black tie que conseguem até sorrir
europeização latina
em frente ao café dentro do teatro
vontade de tomar café sem suor
que silêncio
sem peso de blusa na mão.
Quanto amor existe em SP.
Ops, errei o cep.
E você edifício
é difícil? o centro com essa cara de


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Da minha falta de criatividade em tempos de paz.

Um pouco antes do meu aniversário de 21 anos, e antes de viajar de férias me bateu um sentimento estranho, um sentimento de mudança, como se fosse uma onda. Não! Tsunami. E então completaram-se os 21 anos desta, não muito interessante, mas única, minha vida. E sim, realmente algo mudou em mim, algum ciclo se fechou e outro se abriu e eu não sei bem definir o que é. Mas sinto paz, e me sinto bem.
Ainda tem aquela tensão, quando o assunto é estagio supervisionado, projeto final, e carreira, maaaaaas acho que essas coisas sempre vão existir e elas que não nos deixam cair na ociosidade total, elas são importantes. 
Também sei que posso me decepcionar e esse momento ser só um ataque súbito de felicidade dessa minha mente insana, mas devo aproveitá-lo enquanto me parece real.
Me sinto mais calma e mais compreensiva com as esquisitices das pessoas, por estar cada vez mais percebendo as minhas esquisitices. E como tenho! 
E estou amando! Amando mais as pessoas, amando mais minha família, meus amigos, como são, e tentando não julgar tanto as pessoas por aí, acho que é uma forma de amar o que não se conhece.

Tenho percebido a importância de não sentir pena de si mesmo, de valorizar mais as coisas que tenho, rir da falta de recursos, e brincar de "viver na selva". Claro, não virei Buda, essas coisas me afetam muito, mas descobri que posso exercitar a tranquilidade, a confiança no acaso e a gratidão. Viver na filosofia do "not too bad". Aprender não vem só de ler livros, vem de ler vidas, ler pessoas, ler seus sentidos, dar valor para as coisas que te despertam prazer, tentar descobrir o que te da prazer. Perceber que, se deu vontade, é melhor fazer, vontades são os impulsos da vida, tem que ser respeitadas, claro, com moderação. ^^

Hoje uma pessoa com ares de maluco me disse uma coisa que pegou fundo nas minhas indagações, "o mundo está onde deveria estar mesmo, vamos mudar o nosso entorno." Era o que eu estava pedindo há tempos pra ouvir. Talvez ele tenha razão, não adianta lamentar tanto esse mundo "todo errado", o mundo é novo, deve estar na adolescência, está confuso, formando sua personalidade, um dia amadurece. Mas amadurecimento não é sinonimo de perfeição! Ah, e estamos no século 21, tempos de mudança!! haha, encanei.

Mas... isso tudo, esse ataque de vontade de viver em paz e essa súbita felicidade me levam também a um estado que é titulo desse post, falta de criatividade. É dificílimo pra mim escrever, compor, ou pensar em qualquer coisa artística quando não estou sofrendo de solidão, ou de amor, ou de desespero.
Como se qualquer coisa que fale sobre este estado parecesse piegas, u know?
E isso me incomoda, me bloqueia. Eu tenho uma ideia, acho boa na hora, mas depois desisto de desenvolvê-la por que né... engajada demais, ou petulante demais, ou idiota demais pra ser escrito. Se podar é pior que ser podado, auto crítica é muito pior que crítica alheia. Pois não é impedimento físico, é impedimento psicológico, tá com a faca e o queijo na mão e não come. Difícil esse negócio.
Então, como todo mundo sabe que a pior parte é começar, eu resolvi fazê-la e rápido. Mas começar como?
Falando sobre essa dificuldade mesmo minha filha!! Nada mais imprescindível para a cura do que a aceitação do diagnóstico. N'est-ce pas? 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Falando sobre o show da Mallu.


Tá que a foto do meu celular não é das melhores, mas ainda está na minha memória, fresquinho, o momento lindo de arte e beleza que eu vivi ontem. Desde quando ela surgiu com suas musiquinhas fofinhas gravadas em casa eu já gostava de ouvir, aquela vozinha doce em canções simples, mas ontem tive a maravilhosa surpresa de ver e ouvir a evolução dela, musicalmente, pessoalmente, artisticamente.
Um show simplesmente lindo, lindo, lindo, preparado, dava pra ver, com muito muito trabalho, como ela mesma disse. Apesar de todas as críticas e julgamentos precipitados, Mallu Magalhães é a prova de que não existe distinção entre menina e mulher, ela estava radiante, sensual, eu diria até sexy, com aquela saia azul longa, a bata branca e cabelos presos, ar de mulher casada, que se desfazia nas suas dancinhas tímidas nos momentos que ela estava mais gostando, como quando cantou "ai ai ai moreno, desse jeito você me ganha..." ,e soltou os cabelos, a gente podia imaginar no que ela estava pensando.
Apesar de ter entrado insegura, logo pegou o rítimo e fez tudo lindo, afinada, tocou os vários instrumentos muito bem, com muita segurança. 
"Sambinha bom" foi a prova da versatilidade; adorei também quando ela tocou uma música muito fofa do Evandro Mesquita que acho que ela vai gravar, eu não sei o nome.  
Dois momentos que eu achei um máximo foram os covers de "Me gustas tu" do Manu Chao e "Xote dos milagres", sim, do Falamansa. Todo mundo se impressionou quando ela começou "escrevi seu nome na areia..." mas logo estavam todos achando lindo demais.
"Baby I'm sure", "Cena", "Ô, ana" e "Por que você faz assim comigo" foram as que mais fizeram ouvir a voz do público, num coro muito gostoso de fazer.
Ela se despediu e eu fiquei triste por que não tinha tocado minha preferida... aí o público pediu "mais um", que aliás, no meio do show ela pediu pro público, por que a favorita dela estava no bis! E então ela fez uma homenagem linda ao Marcelo Camelo com a música Cais, enquanto ela dedilhava a melodia linda no teclado a galera ficou em silêncio total, e foi a primeira vez que eu percebi que essa música tem uma letra tão pequena, que na verdade já diz tudo o que ela quer dizer sobre o seu amor por ele. Chorei. 
Aí ela tocou "xote dos milagres" e terminou com qual?? Adivinhem... Lonely! Minha preferida! ADOREI!
Devo também fazer a devida menção aos músicos da banda que fizeram tudo ficar lindo, é claro que não é só ela, eles são muito bons e curtem muito o que estão fazendo, acho isso foda!


Enfim, não tô querendo dar uma de fã enlouquecida, "endeuzadora" de artistas, mas é que eu acho que a nossa música e nossos artistas atuais são tão desvalorizados, é sempre alguém falando que não existe música boa atual, que show gringo vale mais que os daqui que eu me senti na obrigação de elogiar o show dela, por que foi simplesmente foda.


ouça aqui Cais - Mallu Magalhães no Solar de Botafogo

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sonho Recorrente

Há dois meses do seu aniversário de 21 anos ele já se sentia a pessoa mais lúcida, menos favorecida e mais 
inteligente do mundo. Mesmo tendo ciência de que não era. Fazia planos para o futuro mas eles se perdiam no 
ar, pareciam tão incoerentes como qualquer outro sonho que tivera na infância; sabia que todos os dons estavam dentro dele e duvidava de todos.
Qualquer noite teve um sonho. Sonho recorrente. Caía num precipício e, para não estatelar-se no chão, 
agarrava-se a cipós, o lugar era cheio deles, mas eles não eram firmes, se soltavam no momento em que se 
agarrava fazendo com que ele tivesse de se agarrar a outro. Deste modo ele não caía, mas também não subia.
O sonho parecia ser sua condição de existência no mundo -ele pisicologisava- quando um dia resolveu contar 
esse sonho para uma amiga de sua mãe, que olhou para ele com um sorriso vivido e tranquilo e disse: "O 
sonho é somente um sonho, nada mais, a vida é que é real. Divirta-se." 
Por um breve momento o guri pensou que aquela mulher fosse o grande amor da sua vida.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dá?

Acho que não tem uma fila esperando na minha porta.
Acho que não tem ninguém esperando.
Se espera, não espera por mim.


Porque eu não sou assim como quem espera pensa que sou.
Porque quem espera, espera muito ou muito pouco.
E eu gosto mesmo é de ir sendo e não ser pronta.

Como água despejada se molda à superfície.
Se espalha molhando, limpando, se misturando, se poluindo.

Não adianta procurar na biblioteca, porque não é texto.
É ação.
Acontece e passa.
Para todo o sempre.

E se não for assim, do jeito que deveria ser.
Do jeito que qualquer um queria que fosse.
Se a ação nunca acontecer.
Não tem problema.

Dá pra trocar amor por arte, Moço!? 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Dormires e acordares

E a vida se resume numa sucessão de "dormires" e acordares". Durante o dia se pensa em tudo que nos define: personalidade, religião, posição política, vícios, preconceitos, pensamentos e achismos sobre o amor e os relacionamentos.
Comer ou não carne, me define, cigarro, me define, socilista me define. Não!
Não, eu sou como qualquer outro que pensa, e que pensa sobre tais coisas.
A posição não importa, nada muda se você não abrir sua mente, não procurar entender o porquê da posição alheia.
Não adianta você fazer boas piadas satirizando a crença de alguém, a posição de alguém sobre algo. O sarcasmo só insita o apoio de quem já pensa igual e promove o sentimento de rivalidade no satirizado. Que por sua vez aceita a provocação e usa das mesmas armas criando um circulo vicioso de ofenças e nada de acordos.
Durante a noite pensamos em toda nossa trajetória de vida que nos fez tomar essas posições e adquirir tais pensamentos. E se você parar pra penar que cada um tem uma história de vida tão válida quanto a sua e que dessa trajetória ele também formor sua opnião e tomou sua poisção, vai perceber que não há diferenças tão arrazadoras entre as pessoas. Entre as filosofias sim, mas entre as pessoas não.

Ah... então você está dizendo que não há meio de melhoras, que o mundo vai ser sempre assim por que pensamos todos diferente? Não eu tô dizendo que todo mundo sabe que guerra impõe um poder e não faz acordos. E todos nós somos contra a guerra, não é? Se não é você deve ter um bom argumento.
Então o que falta em nossa sociedade? Dentre muitas coisas que se possa dizer e a mais geral de todas seria: Amor, eu preferi escolher uma outra palavra, menos geral, e se você colocar antes de qualquer decisão na sua vida, você pode não acertar sempre, mas sempre terá certeza que fez o melhor que pode: essa é Respeito.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Bem estar

Eu estou bem.
Aquele bem estar que dá pra ser.
Mais estar do que bem.
Mas se estar já é suficientemente bom.
Sim, eu estou bem.

terça-feira, 13 de março de 2012

Afetivo fino.

Afetivo fino.
Sentimento antigo.
Não, quesito sentimento:
O mesmo.
O imutável.
It's getting boring, there's more to life than this.
Really?

Afetivo fino. Frágil.
Volátil, itinerante e efêmero.
Mais itinerante do que volátil.
Ainda mais efêmero que volátil.

Eu sou porque você é, esse é o segredo.
E não há nada mais importante do que você sendo.
E eu podendo ser.

Tendo? Não, sendo só.
Nunca tendo e sempre sendo.
Nunca tendo e sempre querendo.
E sendo de tanto que ando querendo.

Afetivo fino.
Mais que palavras será necessário.
Aliás, você é tudo o que sai da sua boca que não se direciona à mim.
Quando direcionado à mim deixa de ser você.
E se torna somente esperança, novidade e tentativa.

Afetivo fino.
Afetivo de afetar.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Laban/ Bartenieff

Lendo registros velhos encontrei isso que escrevi após uma aula de corpo no 2º semestre, acho que era pra escrever sobre o conceito de força no sistema Laban/ Bartenieff.

Danço leve, caio pesado
mas levanto forte.
Admito que sou leve, pesado e forte
depende da minha sorte
ou da minha vontade de viver.
Acompanhe meu raciocínio
Quero ser leve pra viver
Forte pra levar
e pesado pra dormir.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Confissões de uma pessimista.

E coisas tentarão surgir dentro de mim.
Conhecimentos específicos de todas as naturezas
Formas de apreciação disso ou daquilo.
Filosofias que surgem no meio de coisas chatas que têm que ser feitas.

Confusões que surgem no meio de coisas legais que precisam acontecer.
Gente de todas as mentes e de tão iguais inquietações/questões (nessa parte você pode escolher que palavra usar) aparecendo por aí.
Te impulsionando e te puxando.
Nunca é uma coisa só, é um vai e volta constante.
Alguns passos curtos de progresso mais adiante.

E por mais que se tente inventar sentidos e propósitos para tudo que existe de sem sentido e sem propósito que se é obrigado a fazer na vida. No fundo você sabe que não há sentido ou propósito.
Somente falta de sorte.

A sorte que você tem que eu não tenho que eu tenho que você não tem.
A sorte que parece escolher pessoas por indicação.
A sorte que muitas vezes é injustiçada e mal agradecida.
A sorte que você pensa que não tem até que ela deixe de te visitar de vez.

Preciso dizer por tudo que é mais sagrado que não reclamo da minha sorte.
Reclamo é da falta dela. Gostar dela eu até gosto e bastante.
Preciso dizer por tudo que é mais sagrado que não sou ingrata,
apenas pessimista.
E pessimismo é apenas uma desculpa de otimistas frustrados.
Otimistas que são otimistas demais. Que de serem tão otimistas são tidos como sonhadores.
Mesmo que seus sonhos pareçam mais pesadelos.

Defendo o direito de ser pessimista, por que no fundo o pessimismo é só um charme de quem acredita que a vida pode ficar com pena e se mostrar mais generosa.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Por que não amor?

Essa gente que diz eu te amo, eu te amo
sem ao menos sentir que diz, sem ao menos notar que diz.
E pode ser, pode não ser, não existe só uma forma de amor.
Existe?
Pode-se dizer que te amo... Não?
Por que não amor?
Por que daria outro nome à alegria que sinto só de te ver?
E quando eu tento manter a pose, fingir que não, não ligar.
Ai desfaço-me, pois você me obriga.
Não consigo não virar criança diante da mais pura sinceridade da sua distração.
É condenável sentir prazer na sua presença?
Quando chega perto, arranja um motivo, fala sobre o tempo, atrasa minha vida.
Só pra estar perto, sentir a energia. E eu vou ficando mais um pouco. Quero te curtir.
Te quero pra mim de um jeito diferente, do jeito que só pode ser.
Aceito a condição. Só quero poder dizer que te amo.
Por que não amor?
Não é obsessão, como a maioria, nem é tampouco desejo... é um pouco.
É querer bem. Querer bem demais.
Eu já te disse que você é a pessoa mais legal do mundo?
E quando ao toque do seu corpo, discreto, puro, me faz sentir tão amada.
Tão... tão querida. Que me arrepia toda a vida. E me faz confiar de novo.
Então pergunto. Por que não amor?

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O que nos impede de amar.

Depois de um dia inteiro de ociosidade e tédio, quando já não aguentava mais e todos os meus ameaços e tentativas de sair de casa tinham sido frustrados decidi que deveria pelo menos pegar um ar lá fora,ainda que o poluído ar da minha atual cidade.
Coloquei o fone no ouvido 4 reais e 75 cents no bolso e acendi um cigarro, sentei num canteiro em frente ao meu portão onde há algumas árvores, sentei debaixo de uma delas, estava escuro e o comércio já estava fechado. Ao som daquela levadinha e as palavras francesas que eu sei que são otimistas escorregando pelos meus ouvidos me senti mais calma, me senti sozinha, mas satisfeita. Um sozinho satisfeito. Pensei em um cara, pensei em ligar pra ele e chamá-lo para conversar, afinal ele é meu vizinho; subitamente senti um medo terrível de ter que conversar. Pensei em outro cara e em como seria bom estar com ele naquele momento, seria a pessoa certa. Mas como eu já disse estava me sentindo satisfeita.


Não tinha percebido nada ao meu redor quando uma funcionária da concessionária saiu, apressada, olhei pra ela e quis criar um contexto pra sua vida, desisti. Saboreei um pouco mais o que eu ouvia, uma outra mulher passou por mim, provavelmente voltando de um dia de trabalho, me olhou nos olhos alguns longos segundos, expressão calma, curiosa, senti que ela queria sorrir, eu também quis. Desisti. Ela se foi. De repente eu resolvi prestar atenção no que estava acontecendo e vi duas pessoas num ponto de ônibus e bem perto de mim alguns pedaços de papelão que deixavam a mostra os pés de uma outra pessoa. Senti forte e claramente naquela hora que todos estávamos na mesma. Exatamente na mesma melancolia. Eu, a mulher, a pessoa debaixo do papelão... E talvez todas as pessoas da Terra. Senti que os amava, pois compartilhamos dos mesmos sentidos, do mesmo funcionamento físico e psíquico.


 Então percebi o que muitos outros humanos já perceberam, que a maior incoerência dos seres humanos é guerrear entre si. Não somos inimigos, o inimigo é essa angústia da qual todos compartilhamos. A qual vencemos de vez em quando, a qual nos vence muitas vezes.
Andei um pouco, quando vi um homem provavelmente morador de rua com um saco na mão, provavelmente esvaziando lixos para vender material reciclável. Podia ser talvez a pessoa mais honesta do mundo, incapaz de fazer algo de ruim à alguém, mas mesmo assim me voltou aquela sensação extrema de medo que tenho sentido ultimamente, é uma coisa ruim que não gostaria de sentir por pessoa nenhuma. Mas foi tão intensa que não pude superar e acabei voltando para casa. Não consegui conter o choro antes de entrar.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A função do outro.

Minha mente gira, gira, gira. Enquanto você se esconde tão profundamente.
Tento te agarrar firme para que não suma de vista enquanto os segredos do mundo, todos me são revelados.
E mesmo detendo todo o conhecimento de causas e efeitos, ainda assim, eu que sei tão bem que nada perdura ou me pertence, caio... caio feito um patinho na armadilha que eu própria arquitetei.
E você exibe tão perfeitamente essa segurança, que eu sei que é falsa, só não posso provar.
Mas deixe-me sentir com esta mesma segurança por pelo menos um amanhecer que são verdadeiros os acontecimentos e sentimentos sutis e recém sentidos.
Que são verdadeiras minhas próprias invensões e ações. Que me pertencem e me traduzem. E que tudo é puro, intenso e vivo. Tão penetrável e sensitivo como meu próprio corpo.
E depois, mesmo sorrindo para o tempo e aceitando cada revelação que ele traz, e até me divertindo com as gafes que ele comete, que mesmo assim eu possa entender que senti algo tátil e consequente de ações conjuntas. Não pensadas.
É paradoxal que essa vunerabilidade e confusão, ao mesmo tempo torne a vida ativa e tão passiva. Mas falar e até mesmo pensar em paradoxos soa culto demais pra quem quer só derramar em palavras todas as contrações musculares involuntárias causadas por acontecimentos simples e corriqueiros.
Então fico aqui, não acreditando nos meus próprios sentimentos e pensamentos, e até zombando deles como se dentro de mim vivessem várias, sensatas e insensatas.
Mas você fique tranquilo porque está agindo certo. Certo como se deve agir quando se é o outro. Apenas servir de protótipo para a invensão alheia. Apenas "outrar".

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Felipe

Ele parecia um cantor que eu gosto
parecia também que tinha me olhado
só parecia.
Mas eu olhei e isso valia.
Era verde sua camisa e por entre as árvores eu o via, não se camuflava.
Ele era gentil e de gentileza que se aqueceu tudo em mim e
eu disse o que a situação pedia. Eu disse qualquer coisa que se diria.
Eu sei seu nome e não o sobrenome e já era quase dia, aquela altura.
Ele só queria sair, eu só queria ficar
com ele.
De tudo que eu conhecia, tanto se diferenciava.
Tanto trato, tanto jeito. Em botafogo ele queria um chopp, eu queria muito mais.
Mas não podia, já era mesmo quase dia.
Depois rolou muita sinceridade e muito cheiro bom.
E num descuido, ele foi relapso eu fui... difícil.
E ele esqueceu, quis dificultar também.
Pra Copacabana ele fugiu, aí já era dia mesmo.
O sol à pino e ele dizia: já era de pegar onda.
Eu que tava completamente na sua onda esqueci de querer saber mais que o seu nome.
Depois da avenida movimentada tem um ponto de ônibus.

Coisa da minha cabeça

Será que é todo mundo igual a mim?
Será que todo mundo sente, e sente assim?
Não importa o que eu faça, o que eu tente fazer, ou o que eu pense em tentar.
A vida te coloca no patamar que ela quiser e você engole.
O peso da insignificância que representamos diante de algo tão maior.
Está fadado à isso? Estou?
Procura-se nome para essa indecisão
Depressão, ansiedade, mania de (não)perseguição.
E é num minuto que todo um dia feliz se torna só ilusão, só passado.
Lembrança dessa condição.
Não importa o que eu faça, ou quanto eu faça. Sempre estou no erro.
Você pode me dizer amigo, se você se sente assim também?
Procurando a si mesmo sem encontrar desde o dia que descobriu que não era o que é.
Tentando psicologisar e mapear o comportamento humano pra moldar seu personagem da vida real.
É triste ser obrigado a atuar fora de palco. E não é porque não se encontra no papel, é porque não se encontra no próprio interprete traços de autenticidade.
Tão mutável, tão banal. Tão, tão... Insatisfeito.
Procura em horóscopo, em livro, em religião.
Quando o que só importa é a conquista.
A conquista do ser-humano inalcansável. Inventado. Tão igual.
So fukin' igual.
Me diga , me diga amigo.
Você pode me entender?
Você pode me ajudar a sustentar esse único alicerce que é a ilusão de pensar que não sou o único que sente desse jeito?
Diga pra mim que é tudo coisa da minha cabeça, e que tudo que eu já tinha superado realmente era de se deixar pra trás.
Me diz que é coisa da minha cabeça que eu não confio nem um pouco nela.